O diretor-técnico do Hospital Regional de Sorriso (420 km de Cuaibá), o médico Roberto Satoshi, chorou em entrevista à imprensa local nesta segunda-feira (22), ao falar da situação caótica em que a unidade médica está passando (veja o vídeo no final da matéria).
O médico afirmaou que faltam medicamentos e até mesmo o gás medicinal necessário na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e para a realização de cirurgias, o que coloca em risco a vida de pacientes.
“Depois de 30 anos de formado, nunca imaginei passar por uma situação como essa. Eu não concordo com isso. O governo fala que pagou R$ 9 milhões, mas é referente ao ano passado. Esquece esses R$ 9 milhões e paga o que tá devendo de agora para frente. Nos autoriza a contratar funcionários novos, todo mês tem débito. Tem que haver previsão, um governo que não tem previsão, onde vamos parar?”, disse, em lágrimas.
Além disso, segundo ele, o estoque de comida está acabando e a empresa que fornece os gêneros alimentícios para o hospital não quer mais prestar o serviço.
“Quarta-feira a comida já vai estar no estoque zero, e vamos servir o quê? Água com barro?”
“Quinta ou sexta-feira o gás medicinal vai terminar, então aqueles pacientes que estão na UTI ou dependendo de respirador, ou até mesmo aqueles que vão precisar de centro cirúrgico e precisam de oxigênio, o que nós vamos fazer?”, afirmou.
Satoshi ainda disse que o hospital está no “fundo do poço” e sem alternativas.
“Eu pensei que nós estávamos no fundo do poço, mas descobri que o poço é bem mais fundo do que eu imaginava. Todo mundo está decepcionado e cabisbaixo. Meu choro é reflexo de todos”.
Risco de morte
Ao MidiaNews, Roberto Satoshi informou que assinou nesta terça-feira (23) a ordem para a transferência dos pacientes da UTI para outras unidades hospitalares.
Porém, o problema maior, segundo o médico, é que há situações de pacientes que não têm condições de serem transferidos.
“Esses pacientes precisam estar pelo menos em um sistema de regulação de transferência, que segure a vida deles. Porque se esse gás acabar vai começar a morrer gente, um atrás do outro”, contou.
O diretor ainda relatou que após a entrevista, representantes da Secretaria de Saúde do Estado ligaram afirmando que pagariam R$ 54 mil para custear somente os fornecedores de alimentos
“Eles disseram que vão pagar a alimentação, mas não é o que resolve. A gente está cobrando a responsabilidade do Governo, só que eu acho que isso não vai acontecer”.
“O hospital chegou a tal ponto, que nos já pensamos em fechar a urgência e emergência, mas isso seria o caos total para a população, para a equipe médica e a sociedade em geral”, desabafou.
Em dezembro do ano passado, Roberto Satoshi já havia registrado um boletim de ocorrência, relatando a falta de remédios na unidade hospitalar.
À época, a Secretaria de Saúde repassou para a conta do hospital R$ 1 milhão para os custos das despesas.
Outro lado
Porcurada, a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde, informou que realizou o pagamento de R$ 54 mil ao fornecedor de alimentos do Hospital Regional de Sorriso ainda nesta segunda-feira (23).
A demora no repasse do Governo em liberar o dinheiro, conforme a SES, é culpa da gestão do hospital regional, que tem demorado a enviar as notas fiscais para o setor financeiro da SES. Além disso há outra nota que foi encaminhada para a secretaria, porém o dinheiro não pôde ser liberado por falta de certidão negativa do fornecedor.
“A nota fiscal referente a esse pagamento foi emitida pela direção do hospital em março de 2017, porém foi enviada para o setor financeiro da SES MT somente neste mês de maio. Também foi enviada em maio, para a SES MT mais uma nota fiscal de outro fornecedor no valor de R$ 13.456,00, e que está pendente de pagamento por falta de certidão negativa do fornecedor”.
A secretaria não soube informar quando será feito o pagamento referente aos medicamentos.
Fonte: Midia News
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