Ao todo, 1.238 leitos foram inspecionados e 123 notificações expedidas. Em algumas unidades, há superlotação de pacientes e falta de profissionais. A situação piora porque a maioria delas não realiza o cálculo de dimensionamento das equipes, contribuindo para a sobrecarga.
Foi constatada a ausência de enfermeiro em setores importantes, como na Unidade de Queimados e da Central de Material Esterilizado (CME) do Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá. Nas CMEs do Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá e do Hospital Regional de Sinop, o profissional não permanecia em tempo integral e, na Policlínica do Planalto, não havia enfermeiro durante o transporte de pacientes. Foram encontrados ainda profissionais exercendo funções fora de sua competência e habilitação.
Um exemplo flagrante de más condições de trabalho foi encontrado no Hospital Regional de Sinop, onde os profissionais de enfermagem ainda estão com salário atrasado, há leitos inativados e duas salas cirúrgicas desativadas, tendo sido reduzido o número de cirurgias por falta de equipamento.
A péssima conservação das unidades é visível. Há equipamentos com defeito, a higienização é precária e faltam materiais básicos, como luvas e sabão. Em oito delas, foram encontrados medicamentos vencidos e em quatro, remédios armazenados incorretamente. Outro sinal da desorganização do serviço é o fato de muitas unidades deixarem de cumprir corretamente rotinas básicas, como o registro de informações no prontuário do paciente.
Foram fiscalizadas as seguintes unidades: Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, CIAPS Adauto Botelho, CIAPS III, Hospital Municipal São Benedito, Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, UPAs dos bairros Morada do Ouro e Pascoal Ramos, policlínicas dos bairros Verdão e Planalto (Cuiabá); Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, UPA do bairro Ipase e Hospital São Lucas (Várzea Grande); Hospital Regional de Sinop, Hospital Santo Antônio, Hospital e Maternidade Dois Pinheiros, Unidade de Pronto Atendimento de Sinop, Maternidade Jacarandás (Sinop). Ao todo, 1.238 leitos foram inspecionados e 123 notificações expedidas.
Cenário de desestruturação
Os resultados são reflexo do cenário de desestruturação de todo o sistema de saúde. “A situação é bem séria. O investimento do poder público na saúde tem repercutido de forma muito negativa porque, de fato, os problemas que encontramos aqui são muito básicos”, comentou a chefe da Divisão de Fiscalização do Cofen, Michely Filete.
O cenário também resulta de uma visão mercantilista da saúde, segundo o presidente do Coren-MT, Antônio César Ribeiro. “A qualidade do dimensionamento das equipes de enfermagem é um problema. Os hospitais querem o barateamento, principalmente no setor privado. Contratam enfermeiro como gerente para cuidar da administração do serviço, afastando-o o do planejamento do cuidado, sua função primordial”, comentou. “Os dados não nos surpreendem. O que vai ficar é o extremo compromisso de garantir os encaminhamentos dos processos para fazer valer esta semana de fiscalização”.
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